De que matéria são feitos os sonhos? Existem sonhos que parecem tão verdadeiros a ponto de tudo o que está fora deles tornar-se absolutamente irreal.
Têm sonhos que a gente gostaria que nunca acabassem. E quando, de repente, isso acontece – porque os sonhos terminam sempre como começam, de repente -, a gente fecha os olhos de novo e vai atrás de sua lembrança, como se ela pudesse, de fato, levar a ele.
As lembranças de alguns sonhos são tão fortes que nos fazem esquecer de outros sonhos ainda quando estamos dentro deles. É porque, na verdade, ainda estamos dentro do sonho que quer ser lembrado. Mesmo que ilusoriamente, a lembrança é capaz de nos transportar no tempo.
Para um sonho, o tempo não passa de uma brincadeira. Você já se perguntou quanto tempo dura um sonho? Quantos minutos? Segundos? Ou seria apenas o tempo de uma inspiração profunda?
Alguns sonhos parecem durar por uma noite inteira. Eles ficam lá, na memória, como uma espécie de eco, uma equação matemática regida pela progressão geométrica.
É assim que nasce o desejo, da incômoda progressão geométrica criada pela lembrança de um sonho. Uma equação que só se soluciona com a concretização do sonho.
Sonhos não são escritos em prosa. São poesia, metáforas de desejos íntimos, espelho retorcido de sentimentos ocultos. Por isso, para realizar um sonho é preciso deixar que sua poesia nos toque e nos emocione. É preciso sentir o sonho, ao invés de tentar entendê-lo.
Sonhos são fios de algodão doce tecidos numa trama delicada. É preciso tocá-los com delicadeza para que não se desmanchem ao contato de nossas mãos ásperas.
Quando conseguimos tocar o sonho, permitimos que ele também nos toque e, assim, a sensação é que ele contiunua vivo dentro da gente, como a chama de um vela, ao mesmo tempo, aquecendo e iluminando nosso caminho.
(A imagem que ilustra esse post foi extraída do material de divulgação do filme “Sonhos” de Akira Kurosawa)