clarice lispector
Cartas inventadas para Clarice – Nem santo nem demônioterça-feira, 25 março 2014, 16:48 | Tags: clarice lispector, demonio, santo | 2 comentáriosPostado por Fábio Betti
Clarice, aposto que você teria adorado ir a minha festa de aniversário no banco de sangue, com toda aquela gente ajudando a aliviar um pouco a vida de quem está por um fio. Mas passado o desfile interminável de elogios pelo “gesto nobre e altruísta”, ficou uma sensação estranha, uma espécie de ressaca, que me fez recorrer a você na esperança de curá-la. Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – basta dessa história de matar ou morrer!terça-feira, 05 fevereiro 2013, 15:10 | Tags: clarice lispector, entrega, existência, luta, matar, morrer, paz, reflexão, rendição | Nenhum comentárioPostado por Fábio Betti
Clarice, hoje fui acometido por uma sensação estranha, uma sensação que me calou a voz e custou a ser nomeada. Um misto de medo, desesperança e dúvida que, depois de pensar e pensar, emergiu como uma pergunta, uma dessas perguntas que nos devastam quando surgem e, provavelmente, por isso mesmo, não ousamos cutucá-las. Sabemos que elas estão ali, prontas a nos dar o bote, à espera de nos envenenar com seu poder de nos tirar o chão, arremessando-nos com violência no vazio das questões que não queremos responder.
Como é que eu faço para me motivar num mundo ainda motivado pela dicotomia do “matar ou morrer“?Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – uma vida em pausadomingo, 13 janeiro 2013, 11:40 | Tags: clarice lispector, corumbau, mar, tempo | 1 comentárioPostado por Fábio Betti
Clarice, aqui estou eu vivendo férias de sonhos, mas com uma sensação estranha que surge numa voz que me diz que não sou merecedor, que não devia me ausentar durante tanto tempo, não podia estar gastando tanto dinheiro. E essa crítica surge nos momentos onde justamente encontro mais paz, quando estou sozinho de frente ao mar pacífico verde esmeralda da única onda estrondosa. Eu que seguro há tanto tempo tantos fardos pesados, compromissos frente aos quais nunca recuei, pressões que venho encarando com a coragem de quem foi viver a vida por sua conta aos 18 anos de idade, merecia, no lugar do olhar crítico e estreito, um canto de sereia que, certamente, melhor combinaria com a sinfonia que a natureza me neste momento me presenteia. Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – arte onírica à beira mardomingo, 13 janeiro 2013, 11:26 | Tags: arte, clarice lispector, corumbau, mar, natureza, tempo | 2 comentáriosPostado por Fábio Betti
Querida Clarice, o mar aqui é tão vasto e perfeito que minha vista não sustenta mirá-lo por muito tempo. Aliás, o próprio tempo também me parece vasto e perfeito demais para sustentá-lo. Ele não cabe no relógio, rebelde qual um cavalo selvagem, não se permite aprisionar-se na apertada caixa de cristal e engrenagens atada ao meu pulso. Abandonei-o, inútil o relógio, numa gaveta qualquer. Com o coração aos tropeços, sem relógio, sem sinal de Internet ou celular, muito longe de casa e sem me importar com o que acontece na televisão, rendi-me ao sabor dos ventos, das marés e do lento caminhar do sol, que parece ser o único por aqui capaz de revelar os mistérios do tempo. Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – perguntas que não se fazsegunda-feira, 02 julho 2012, 17:55 | Tags: cartas, clarice lispector, perguntas | Nenhum comentárioPostado por Fábio Betti
Pois é, Clarice, faz tempo que eu não te escrevo. Sabe como é que é, num momento estamos acordados, conscientes de nossa finitude e da janela de possibilidades que temos pela frente e que vai de viver até os 100 anos a morrer no próximo instante; no outro, nos entregamos às tarefas que nós mesmos inventamos ou, pelo menos, aceitamos como parte de nossa ânsia de dar significado ao nosso viver – um significado que nos pareça nobre, é claro! – e aí mergulhamos de novo na escuridão letárgica do não pensar, onde se administram altas doses de anestesia pela bagatela do não questionamento. Até que surge uma pergunta que desmorona todo o edifício... Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – beleza e paciênciaquinta-feira, 21 junho 2012, 08:41 | Tags: beleza e paciência, clarice lispector, tião rocha | Nenhum comentárioPostado por Fábio Betti
Clarice, outro dia fui tomar café com um amigo de longa data e descobrimos – no fundo, já sabíamos – que temos um padrão comum, que também podemos chamar de a sombra do perfeitinho. Crianças hiperativas, jovens CDFs, adultos bem-sucedidos e altamente auto-exigentes, sofremos horrores quando soltamos a mão do controle um pouco e o mundo externo solta os cachorros sobre nós. “O que está acontecendo? Você está com alguma problema?”, é o que invariavelmente acabamos ouvindo. Acostumamos, ou melhor, adestramos o outro a acreditar que somos realmente perfeitos e, quando baixamos a guarda, deixando que nossos erros apareçam, o outro perde a referência. E nós, que igualmente necessitamos da validação externa para nos validarmos, reagimos com algo na linha “pô, eu já faço tantas coisas legais e você vem aí apontar os meus erros?” Leia mais »
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Cartas inventadas para Clarice – diário do morrersábado, 16 junho 2012, 12:44 | Tags: clarice lispector | Nenhum comentárioPostado por Fábio Betti
Pois é, Clarice, o nome soa tétrico e leva à ideia de que se trata do registro dos últimos momentos de um moribundo. Podem até ser meus últimos momentos, não tenho como saber. Mas não se tratam de registros de um moribundo, pelo menos, não por enquanto. Morrer é o verbo que melhor explica o que nos acontece desde que nascemos: morremos um pouco a cada dia. Até que chegue o dia em que não mais morreremos. Espero que esse dia demore a chegar para mim...
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Qual é o defeito que sustenta o seu edifício?quarta-feira, 09 maio 2012, 20:05 | Tags: clarice lispector, defeito, qual é a sombra que sustenta o edifício inteiro, sofrimento, sombra | 3 comentáriosPostado por Fábio Betti
O título deste post foi extraído da seguinte frase de Clarice Lispector: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” Encaro as palavras da escritora não como mera metáfora literária – aliás, nada que venha de Clarice é só o que parece ser - , mas como um sério aviso aos que teimam sair por aí apontando o defeito dos outros como se estivessem prestando um serviço de utilidade pública. Aliás, quem pode afirmar que realmente sabe qual é o defeito que sustenta o seu próprio edifício? Leia mais »
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