Acho que já me senti machista algumas vezes na vida. Uma ou outra opinião sobre determinado assunto me fez pensar, imediatamente, se o meu pensamento primeiro não teria sido machista. Isso também aconteceu ao ler um dos textos do meu querido amigo Fábio sobre olhares e traições, onde algumas leitoras se posicionaram com veemente repulsa à opinião dele a respeito desses olhares masculinos dirigidos às mulheres.

Mas, logo em seguida, repenso, avalio e visualizo casais conhecidos ou não, meus amigos, minhas amigas, meu companheiro e a mim mesma. Penso em como nos posicionamos, como nos relacionamos e vi que não, que não havia sido machista em meu pensamento, mas apenas ampliei um pouco meu campo de visão. Olhei sim, pelo masculino, mas por aquele que me complementa e não pelo masculino machista que me afronta como mulher, que me sujeita ou desrespeita. E é através desse olhar masculino complementar que prefiro ver as relações quando me coloco do lado deles, dos homens.

O homem machista no sentido estrito – limitado mesmo – da palavra é aquele que só vê um lado, o seu, o de macho dominante. E há também as mulheres estritamente feministas que vêem no homem um inimigo a ser combatido – mesmo que seja o seu próprio companheiro. Que sorte a nossa que o que está mais em discussão neste blog não são esses casos extremos.

O feminismo como luta pela igualdade nos ajudou muito no decorrer da história, tanto que estamos aqui para discutir as relações, reclamar, xingar, votar, enfim, nos posicionarmos. Da mesma forma que o masculino e o feminino se complementam, temos todos um pouco de cada um dos dois extremos dentro de nós e seria uma insensatez negar sua existência. Talvez seja exatamente por isso que por vezes posso me ver confusa sobre opiniões machistas… ou não.

Compartilhar da alma e da presença masculinas é um privilégio – seja com pais, irmãos, companheiros, amigos, parceiros de trabalho ou o que for. Da mesma forma que vejo o benefício que obtém os homens ao compartilharem a alma e a presença femininas. Gosto muito da companhia masculina, do respeito, dos olhares, dos cuidados, dos pontos de vista. Esse é meu imperioso lado feminino.

Tentar entender os diversos veios que formam as relações humanas é uma das coisas que nos mantém alertas. Ou pelo menos, deveria.

Quando o Fábio me convidou para expor alguns pensamentos neste blog, senti-me absolutamente lisonjeada, pois, como eu disse, poder compartilhar é um privilégio, seja nas relações, grupos de discussão, blogs etc. – além de ter a alegria de renovar um vínculo de amizade criado há muitos anos. Gratidão.