Brincar de mulher

segunda-feira, 05 setembro 2011, 09:51 | Tags: , , | 2 comentários
Postado por Clarissa Porciuncula 

Mulher gosta de se produzir, pintar-se, perfumar-se, ficar bonita para si e para o outro. Brincadeiras infantis de passar batom, vestir as roupas da mamãe, namorar o papai, fazer charminho, brincar de princesa, dona de casa, professora etc, tudo faz parte do desenvolvimento e aprendizado para o “ser mulher”.

Fantasiamos o príncipe encantado que chega a cavalo ou de carrão, o primeiro beijo, a primeira romântica e inesquecível noite de amor. Isso todo mundo ou quase todo mundo sabe.

O que não acontece muito é o “treino” para as frustrações. Não há muito preparo para o amor não correspondido, o beijo mal dado, a transa sem amor, sem cumplicidade, enfim, o primeiro escorregão ou rasteira pelos quais, invariavelmente, todos passamos.

Quase sem preparo nenhum para encarar a possibilidade de que o príncipe venha a pé sob a chuva e que, visto bem de perto, tem mais de sapo do que de príncipe, saímos assim dos contos de fadas e dos sonhos para a realidade.

Bom, isso é normal, acontece com todos ou deveria. Caímos na vida real, no mundo das desilusões e isso nos frustra, mas também nos humaniza. Começamos então a entender que o mundo, em geral, e o nosso mundo feminino, em particular, é muito mais complexo do que nos livros de nossa infância.

O príncipe é um ser real que tem defeitos e, muitas vezes, não está nem aí para nós. E nós também estamos longe de sermos as princesas donzelas presas na torre do castelo. Insistir nisso é afundar qualquer relação.

Acontece muita coisa nessa passagem das brincadeiras infantis para a realidade da vida adulta ou, talvez deva dizer, para as brincadeiras de adultos. Nessa passagem, precisamos aprender a tomar as rédeas de nossa vida para não cairmos no engodo – que nós mesmas criamos para nós – de que o príncipe tão esperado será o próximo ou o próximo ou o próximo…

O quanto antes identificarmos as diferenças entre as brincadeiras e sonhos infantis das brincadeiras adultas que são namorar, transar, beijar, brigar, se amar e compartilhar, mais rápido aprenderemos a elaborar e melhorar as relações com nossos sapos-príncipes ou vice-versa.

Assumir-se mulher não é simples, mas esse treinamento é muito válido e, quanto maior a clareza com que vemos as brincadeiras de meninas se distanciarem de nós, melhor ficará o jogo das relações adultas.

Claro que as fantasias são imprescindíveis, os sonhos, as esperanças. Porém, o que precisa ser diferenciado é a distância entre o príncipe das arábias que vem pronto num pacote, lindo, cheiroso, rico, absolutamente apaixonado e que nos completa, de um homem de verdade ao qual não podemos exigir que supra nossas necessidades infantis, da mesma medida em que não conseguiremos suprir as dele. Esse é o mundo real. E acho que ele é muito bom também.

2 comentários para “Brincar de mulher”

  • Elaine disse:

    Estou gostando de veramiga anda inspirada, a mulher da nossa geração ainda carrega alguns resquícios do tal príncipe encantado, mas também está abrindo um novo olhar para mundo já não é a mesma insatisfeita vai pra vida em busca da tal felicidade. Quer amar isto não significar: Viveram felizes para sempre. E sim mais para que seja eterno enquanto dure.

  • Clarissa disse:

    Oi, Elaine. Tem razão. Também não acredito em amor eterno mas precisamos ficar atentas para não descartarmos um amor que talvez só precise de uma chance para amadurecer, não é?
    Beijo e obrigada.

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