Mulher gosta de se produzir, pintar-se, perfumar-se, ficar bonita para si e para o outro. Brincadeiras infantis de passar batom, vestir as roupas da mamãe, namorar o papai, fazer charminho, brincar de princesa, dona de casa, professora etc, tudo faz parte do desenvolvimento e aprendizado para o “ser mulher”.
Fantasiamos o príncipe encantado que chega a cavalo ou de carrão, o primeiro beijo, a primeira romântica e inesquecível noite de amor. Isso todo mundo ou quase todo mundo sabe.
O que não acontece muito é o “treino” para as frustrações. Não há muito preparo para o amor não correspondido, o beijo mal dado, a transa sem amor, sem cumplicidade, enfim, o primeiro escorregão ou rasteira pelos quais, invariavelmente, todos passamos.
Quase sem preparo nenhum para encarar a possibilidade de que o príncipe venha a pé sob a chuva e que, visto bem de perto, tem mais de sapo do que de príncipe, saímos assim dos contos de fadas e dos sonhos para a realidade.
Bom, isso é normal, acontece com todos ou deveria. Caímos na vida real, no mundo das desilusões e isso nos frustra, mas também nos humaniza. Começamos então a entender que o mundo, em geral, e o nosso mundo feminino, em particular, é muito mais complexo do que nos livros de nossa infância.
O príncipe é um ser real que tem defeitos e, muitas vezes, não está nem aí para nós. E nós também estamos longe de sermos as princesas donzelas presas na torre do castelo. Insistir nisso é afundar qualquer relação.
Acontece muita coisa nessa passagem das brincadeiras infantis para a realidade da vida adulta ou, talvez deva dizer, para as brincadeiras de adultos. Nessa passagem, precisamos aprender a tomar as rédeas de nossa vida para não cairmos no engodo – que nós mesmas criamos para nós – de que o príncipe tão esperado será o próximo ou o próximo ou o próximo…
O quanto antes identificarmos as diferenças entre as brincadeiras e sonhos infantis das brincadeiras adultas que são namorar, transar, beijar, brigar, se amar e compartilhar, mais rápido aprenderemos a elaborar e melhorar as relações com nossos sapos-príncipes ou vice-versa.
Assumir-se mulher não é simples, mas esse treinamento é muito válido e, quanto maior a clareza com que vemos as brincadeiras de meninas se distanciarem de nós, melhor ficará o jogo das relações adultas.
Claro que as fantasias são imprescindíveis, os sonhos, as esperanças. Porém, o que precisa ser diferenciado é a distância entre o príncipe das arábias que vem pronto num pacote, lindo, cheiroso, rico, absolutamente apaixonado e que nos completa, de um homem de verdade ao qual não podemos exigir que supra nossas necessidades infantis, da mesma medida em que não conseguiremos suprir as dele. Esse é o mundo real. E acho que ele é muito bom também.
Estou gostando de veramiga anda inspirada, a mulher da nossa geração ainda carrega alguns resquícios do tal príncipe encantado, mas também está abrindo um novo olhar para mundo já não é a mesma insatisfeita vai pra vida em busca da tal felicidade. Quer amar isto não significar: Viveram felizes para sempre. E sim mais para que seja eterno enquanto dure.
Oi, Elaine. Tem razão. Também não acredito em amor eterno mas precisamos ficar atentas para não descartarmos um amor que talvez só precise de uma chance para amadurecer, não é?
Beijo e obrigada.