Amor, sofrimento e perdão

quarta-feira, 14 setembro 2011, 09:41 | Tags: , , , | 16 comentários
Postado por Clarissa Porciuncula 

Assisti a um filme holandês cujo tema era a relação de um casal que se ama e entra em crise a partir da descoberta e conseqüente tratamento de um câncer de mama da mulher (sim, os homens também são passíveis desse mal, informo para aqueles que desconhecem).Na historia, o homem não consegue conduzir a boa relação do casal sob a pressão da doença, vendo a mulher que ama sofrer. Envolve-se então com uma amante em uma relação obsessiva, alegando que só consegue segurar a tensão que está vivendo através do ‘amor’ da amante.

A esposa, cada dia mais debilitada em razão do tratamento, pede ao marido que, caso a ame, desista da amante. Ele não consegue e a relação fica ainda mais tensa. Desenrolam-se vários acontecimentos, mas todos em torno dessas relações. A esposa, embora magoada, não se mostra aviltada ou sexualmente traída, demonstrando muito mais ressentimento pela ausência do marido, por ele não estar com ela em alguns momentos muito difíceis da doença, por sua fraqueza.

O que mais me chamou a atenção nesse enredo foi que, apesar da existência do amor entre o casal, as limitações humanas são várias e se apresentam de inúmeras formas. A mulher, diante da iminência da morte e também sofrendo por não poder mais dar prazer sexual ao seu marido, estava muito mais magoada pela ausência dele do que pela amante. O marido, fraco em sua dor, buscava forças na amante como uma droga que o ajudava a amortecer o sofrimento.

Como julgar as atitudes dos outros, como saber a dor que dói em cada um, em suas várias facetas? Na verdade, a vida nos prega muitas peças. E o que é muito grave para alguém em determinado momento da vida, perde a sua razão de ser frente à ameaça premente da morte em outro momento.

O que ele traiu? O amor? Mas, afinal, ele continuava amando-a demais e depois ficou com ela até o fim dos seus dias, procurando a amante vez ou outra quando estava em seu limite de dor. O sexo? Eles já não podiam se relacionar. A amizade, a cumplicidade? Pode ser, porém a esposa cobrou-lhe a verdade e ele a revelou. Ou a si mesmo? Talvez a grande traição tenha sido o auto-engano e sua fragilidade emocional, acreditando que, longe do problema e imerso nos braços de outra mulher, a dor desapareceria. Talvez por egoísmo, por fraqueza. O limite de uma pessoa nunca é o mesmo de outra, por mais amigos, cúmplices e amantes que sejam.

O amor também dói. Lidar com ele, assim como também com a falta dele, requer de nós muito tato, compreensão, altruísmo. O exercício de amar é algo que devemos aprender a cada dia, sem julgamentos pré-concebidos sobre as ações e reações a que ele nos induz.

Cabe exclusivamente às duas partes envolvidas na relação decidir como agir, o que deve ou não ser tolerado, o que pode ou não ser perdoado.

Só não devemos confundir amor com propriedade ou direitos sobre o outro. Ao amor cabe tudo. Ele é grande. Está acima da morte. Acredito que ele une as almas e é exercício para a vida. Precisamos aprender a amar.

16 comentários para “Amor, sofrimento e perdão”

  • Clarissa disse:

    Olá, Paula
    É certo. Acredito que muitos criam esse abismo sim, frequentemente pela falta de diálogo e comunicação clara entre o casal. E submissão, egoísmo ou cegueira na relação me parecem mais nocivos do que o perdão, não são? Cair em falácias uma vez só na vida? Quem me dera..rs. Obrigada pelo seu comentário. Muito legal.
    Abraço

  • Mariana disse:

    Eu acredito que foi um erro dele ter agido desta forma, eu tenho um primo que passou pela mesma historia que conta esse filme, mas em momento algúm ele foi buscar conforto em outra mulher, para que não sofresse, e sim ficou do lado da minha prima até o último dia da vida dela, foi firme quando ela não podia se relacionar com ele, foi fíel quando ela inchou por causa da quimioterapia,foi forte quando ela perdeu o seio, e não via outra mulher na frente dele, eu acredito que quando o homem ama a mulher ele permanece com ela independente da circunstância,o amor verdadeiro é esse que se vai até o fim juntos.

  • Clarissa disse:

    Oi, Mariana
    Voce tem razão quando diz que seu primo foi firme. E na história deles, embora triste, parece ter havido muito companheirismo e comunhão. Isso é muito bom e nos soa ser o certo pois é isso que esperamos. No caso do filme, assim como na vida real, alguns não tem essa firmeza. Simplesmente não tem. Não a encontram e não conseguem lidar com os fatos difíceis da vida mas, talvez isso não queira dizer exatamente falta de amor verdadeiro. Eu acho difícil mesmo fixarmos um conceito sobre isso.
    Muito legal o seu comentário e o exemplo que deu. Bem apropriado. Obrigada.
    Um abraço
    Clarissa

  • Brigitte disse:

    O ser humano esquece que a vida é um sopro, como disse Niemeyer nos seus 104 anos… Temos que viver, viver e viver…

  • viagra disse:

    Excelente texto, obrigado pelas informaçoes.

  • Clarissa disse:

    É mesmo, Brigitte. Em 104 anos ele talvez deva ter conhecido muitas formas de amar e de relevar as dores nas relações, para continuar vivendo.
    Abraço

  • Clarissa disse:

    Obrigada, S.Santos.

  • natalicia disse:

    qual o nome desse filme??

  • Clarissa disse:

    Olá, Natalícia. Procurando em minhas anotações antigas (2011), mas ainda não encontrei o nome do filme. É um desses filmes feitos apenas para TV, que não passam no cinema. Assim que encontrar, eu lhe passo, ok?
    Obrigada e um abraço.
    Clarissa

  • Amanda disse:

    esse filme me causa tristeza ao ver que retrata a realidade dos nossos dias em que a frieza do ser humano coloca- o no suposto direito de causar dor para aliviar a própria dor e a palavra fidelidade é sinônimo de desumanidade.

  • Clarissa disse:

    Oi, Amanda.
    No caso da história do filme em si, não parece uma questão de frieza e sim de fraqueza humana. A frieza desconsidera o sentimento do outro e a fraqueza de um magoa o outro pela incapacidade em lidar com os próprios sentimentos. Pode não ser legal, mas é bastante humano. Ele realmente amava sua esposa.
    Acho que você está certa; a frieza de sentimentos de alguns e o hedonismo, que parece até estar em maior quantidade nos dias atuais por inúmeros motivos, causa um bocado de dor nas relações.
    Muito obrigada pelo comentário. Um abraço
    Clarissa

  • jaqueline disse:

    Eu também assisti este filme me emocionei, não lembro o nome do filme comentei com minha amiga e ela queria também ver ,Qual o nome do filme por favor?

  • Clarissa disse:

    Olá, Jaqueline.

    Como respondi para Natalícia acima, ainda procuro em minhas anotações. Como me mudei, alguma coisa se perdeu e não encontro o nome desse filme. Assim que encontrar eu lhe passo. Mas vou procurar em outras vias.

    Muito obrigada

    Clarissa

  • Ana Paula disse:

    eu também assisti esse filme muito triste e tb nao lembro o nome dele queria assistir ele novamente..

  • Denise Santos disse:

    Ai assisti esse filme e me apaixonei PoR ele. VC não obra Meo o nome??? Bjs

  • Denise Santos disse:

    Por favor vê pra mim se acha? Por favor por favor. Me manda via email deniseoficial.ds @gmail.com

Comentário

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