Não me lembro de ter visto um Brasil tão dividido quanto nas últimas eleições para presidente. Provocações e discussões ásperas substituíram o debate de ideias e opiniões. Não raras vezes, as pessoas deixaram o respeito de lado e partiram para ataques pessoais, que descambaram para julgamentos sumários e atitudes de puro preconceito.

Fiquei triste em ver o país assim tão dividido, como duas torcidas inimigas, com o ódio à flor da pele. Mas as eleições acabaram e me deu uma vontade danada, ou melhor, divina de sair por aí distribuindo abraços.

A você, que teve seu candidato derrotado, o meu abraço.
A você, que teve seu candidato vitorioso, o meu abraço.
A você, que ainda faz campanha depois que as eleições terminaram, o meu abraço.
A você, que está na maior ressaca, o meu abraço.
A você, que teve o voto desrespeitado por ser analfabeto, homossexual ou, simplesmente, por assumir ser a favor desta ou daquela ideia, o meu abraço.
A você, que tem andado de mau humor, o meu abraço.
A você, que vê tudo com os olhos de Pollyanna, o meu abraço.
A você, que tem sido maltratado pelo chefe, pelo pai ou pelo marido, o meu abraço.
A você, que vive chorando pelos cantos, o meu abraço.
A você, que sonha em encontrar um(a) companheiro(a) à altura, o meu abraço.
A você, que sente medo da solidão, o meu abraço.
A você, que gostaria de ter mais momentos a sós, o meu abraço.
A você, que faz dieta, o meu abraço.
A você, que um dia irá fazer, o meu abraço.
A você, que anda meio doente, o meu abraço.
A você, que está pensando em parar de fumar, o meu abraço.
A você, que ainda não consegue, o meu abraço.
A você, que está desempregado, o meu abraço.
A você, que trabalha demais, o meu abraço.
A você, que ama pets, o meu abraço.
A você, que para o seu carro para deixar os pedestres passarem, o meu abraço.
A você, que deseja o bem para todo mundo, o meu abraço.
A você, que ainda só pensa em si mesmo, o meu abraço.
A você, que irá conduzir os destinos do Brasil pelos próximos quatro anos, o meu abraço.
O meu abraço carinhoso, caloroso, apertado, demorado, aberto pra todo mundo que habita planeta e que, como eu, vive abraçado com tudo e com todos, mesmo que, muitas vezes, nem se dê conta.