Relacionamentos que valem a pena

segunda-feira, 26 dezembro 2011, 13:48 | Tags: , , , | 4 comentários
Postado por Fábio Betti 

A despeito do valor dado a sexo e sacanagem, para mim relacionamentos são tão plurais que não cabem em qualquer caixinha, muito menos numa de preservativo ou de filme pornô. Por isso, quando vejo que a maior parte dos comentários postados neste blog não foge desses dois temas, sinto que alguma coisa anda muito errada no mundo.

Sim, meus amigos, sexo é muito bom e uma boa sacanagem pode, sim, apimentar o cardápio de qualquer relacionamento, mas se é só isso que vocês estão buscando, o máximo que terão é um relacionamento pobre.  Para ser rico, não basta apenas ter dinheiro. É preciso de saúde, amigos, um propósito para a vida, é preciso de paz interior. Tudo isso torna a vida abundante.

Relacionamentos também precisam de ingredientes variados para serem ricos. Admiração, respeito, cumplicidade, um projeto de vida comum, companheirismo, compromisso, amizade, amor, sim, amor. Pode até parecer um tema piegas num mundo onde “todos ama” e todas as coisas são amadas – sorvete, roupas, filmes, pets, carros -, mas, quando o amor falta, relacionamentos tendem a se tornar burocráticos.

No lugar da abundância, um pouco de tudo, cultiva-se a escassez, esse bastante de quase nada.

Em relacionamentos baseados na escassez, colocamos toda pressão no que sobra. Sexo não pode falhar, senão não sobra nada. Aí, nos tornamos todos broxas ou atores de filme pornô, preocupados ao extremo com o nosso desempenho, com fazer o parceiro gozar. Sexo vira obrigação, potência uma questão de honra, orgasmo um dever a ser cumprido. O prazer de repente é substituído pelo alívio e nem nos damos conta… Nos deixamos levar pela ânsia de comandar e controlar, esquecendo-se de que relacionamentos só valem realmente à pena na ausência desses verbos. Caso contrário, transformam-se em prisões. Melhor ser livre sozinho do que viver em cativeiro. Mesmo que a solidão pareça muito dolorosa, o sequestro de nossa liberdade é muito mais.

Para durar, relacionamentos não podem ser duros.

O primeiro relacionamento do qual me recordo foi com uma mamadeira. Não, não guardo qualquer memória do seio de minha mãe, mas da mamadeira lembro muito bem. Ela me acompanhou até os seis anos de idade e só foi abandonada porque não ficava bem para um menino andar por aí carregando uma. Nessa mesma época, relacionei-me seriamente com as areias brancas da praia de Itanhaém, onde costumávamos passar nossas férias. Perdi a conta de quantos castelos de areia ergui ali, para serem derrubados minutos depois pelas ondas do mar. Mas nunca criei ódio do mar por causa disso. Sem ele, não haveria como pegar jacaré ou perseguir os peixinhos que se aventuravam na beirada. E eu ainda aprendia o surf de peito em Itanhaem quando me apaixonei pela primeira vez, paixão platônica, como talvez tivesse que ser para um menino que acabava de largar a mamadeira, mas paixão verdadeira, com todos os ricos ingredientes que fariam a alegria de qualquer relacionamento.

Ao longo de minha vida, relacionei-me, seja platonicamente ou não, com muitas pessoas com um amor puro e verdadeiro. O que descobri em comum em todos eles e que resolvi honrar aqui é justamente a pluralidade, essa mistura de muitos elementos que, sozinhos, não seriam capazes de construir e sustentar qualquer vínculo, mas que, juntos, cada um em sua sintonia, cada um com uma qualidade única, fizeram e continuem fazendo com que eu acredite que o único caminho para ser feliz nessa vida é cultivando relacionamentos. Por isso, como diz aquela canção do Barão Vermelho, “eu desejo que você tenha a quem amar. E quando estiver bem cansado, ainda existe amor pra recomeçar, pra recomeçar”.

4 comentários para “Relacionamentos que valem a pena”

  • Renata Moraes disse:

    O AMOR FEITO DE SONHOS
    Inspirado pelo livro “A Casa Feita de Sonho” de Ricardo Alberty

    Apaixonado;
    Fiel;
    Tarado;
    Companheiro.
    Desde pequena imaginei assim o homem da minha vida…
    E assim que completei 15 anos e ele me pediu em namoro achei ter encontrado. Ele era muito apaixonado, mas sempre havia tanta gente, tantas amizades, tantas tarefas, tanto estudo, tantas ondas… que a paixão ficou para trás. Fugaz
    Fiquei muito triste, desiludida, chorei até secar todo o mar que existia em minha alma, mas não desisti. E aos 18 anos eu conheci outro rapaz. Cobrava-me uma fidelidade absurda e mordia a própria sombra de tantos ciúmes, mas como morávamos em cidades diferentes um dia a solidão falou mais alto e eu o encontrei no colo que não era o meu. Infiel
    Fiquei brava, a pressão subiu e minha mão o lançou para longe do meu coração, mas não desisti.
    Novamente aos 27 eu conheci um homem e nos casamos. Ele era tudo o que sonhei, mas na hora da cama nada pintou direito e acabamos nos desconhecendo na vida. Frigido
    Foi uma fase de muitas perdas e quase desisti dos meus sonhos… Foi muito ruim.
    Aos 39 enfim achei um homem que queria dividir a vida comigo. Meus olhos se encheram de esperança e meus sonhos pareciam reais. Era apaixonado, Fiel, Tarado, mas descobri que as noites seriam sozinhas, que o teatro seria sozinha, minha família não poderia contar com sua presença, nem minhas amizades. Eu só teria sua companhia sob fortes condições e cercado de muitas regras. Ele rompeu comigo e todos os meus sonhos foram embora junto com suas fotos, presentes e mensagens. Egoísta
    Perdida, jogada ao vento sob as pedras em meio à tempestade, longe do meu objetivo e dos meus sonhos chorei pelas perdas que tive e principalmente pelos que me perderam. Como eu não posso desistir do meu sonho hoje eu carrego o amor onde posso encontrar: junto a mim. E o coloco em todos meus relacionamentos, independente se amorosos ou não.
    O Amor é meu e está em mim, não no outro. Eu sou capaz de amar a quem eu quiser a qualquer tempo, pois a cada ser humano que eu conheço meu coração sorri por suas conquistas e chora por seus obstáculos.
    Este ano eu conheci um cara muito legal e tenho sido feliz ao lado dele. O homem da minha vida é apaixonado, Fiel, Tarado e super companheiro. Claro que temos um monte de obstáculos que queremos vencer, mas o que nos move é o desejo mútuo de irmos em frente.
    Até a presente data estamos assim… e como dizia o poeta: “Que seja infinito enquanto dure”.
    Renata Moraes

  • Monica disse:

    Entre tantas palavras que poderiam ser minhas repito: “Nos deixamos levar pela ânsia de comandar e controlar, esquecendo-se de que relacionamentos só valem realmente à pena na ausência desses verbos. Caso contrário, transformam-se em prisões. Melhor ser livre sozinho do que viver em cativeiro. Mesmo que a solidão pareça muito dolorosa, o sequestro de nossa liberdade é muito mais.”

  • Fabio Betti disse:

    Querida Renata, que testemunho o seu! E o que realmente me deixa feliz é saber que você descobriu que o amor está em você e não no outro. Assim, ele nunca mais lhe faltará. Beijo grande

  • Clóvis disse:

    Olá, Renata, como vai?
    Espero que bem, claro.
    Adorei seu conto.
    É o meu também e de tanta gente.
    Se algum dia vier a sentir-se perdida novamente, jogada ao vento sobe as pedras em meio à tempestade, lembre-se de um amigo (59), que gosta de conversar, principalmente de ouvir, companheiro, amoroso, fiel, tarado, e que gosta de beijar muuuitoooo, entre outras coisas, é evidente, enquanto a vida está latente em nós! Seja feliz sem mim ou comigo! Beijos…

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