Lá vinha eu pilotando minha moto – confesso – pelo corredor, entre os carros, como qualquer moto faz, quando percebo um motorista deslocando seu carro um pouco para o lado direito para eu passar com mais segurança. Isso já aconteceu outras vezes, eu também me recordo de ter feito isso para outros motociclistas, mas é um gesto que me chamou a atenção. O motorista podia manter sua trajetória, mas ele optou por me deixar passar e isso foi muito prazeroso, sentir que sou percebido por outra pessoa num espaço tão desumanizado quanto o trânsito de São Paulo.

Uma outra situação que eu vivo e onde percebo que conservo o bem-estar é num dia ensolarado como hoje, deixar meu carro na garagem e usar minha moto para me deslocar pela cidade. É verdade que sinto os primeiros momentos uma espécie de medo, uma sensação de insegurança, mas tão logo me solto ao vento e à liberdade que a moto proporciona, a viagem se torna um tesão. (05/10/2011)