Intimidade vem do latim “intimu”, que está relacionado ao que está mais fundo, ao âmago, à essência de alguma coisa.

Portanto, é meio complicado – na verdade, eu diria equivocado – se dizer íntimo de alguém que se acabou de conhecer. Às vezes, precisamos de uma vida inteira para chegar perto de nossa essência, o que dirá encararmos igual desafio só que com outra pessoa. Claro que, muitas vezes, encontramos pessoas com tantos pontos em comum, que a sensação é essa mesma: que nos tornamos íntimos de uma hora para outra.

Nessas ocasiões, o que normalmente ocorre é que estamos com nosso foco fechado nos pontos em comum e, portanto, são só eles que enxergamos. Esse processo de identificação com o outro pode levar à ilusão de que o conhecemos profundamente.  E o que seriam esses pontos em comum? Ora, nada mais são do que características que vemos tanto no outro quanto em nós. Isso significa dizer que estamos nos relacionando, na verdade, conosco mesmos, que, aqui entre nós, é o que se dá na maior parte de nossos relacionamentos – se dá para o bem e para o mal… Se dá para o bem quando identificamos no outro nossas qualidades e se dá para o mal quando o outro nos lembra de nossas deficiências.

A intimidade, portanto, é produto desse processo de identificação de pontos comuns, sejam positivos ou negativos, mas também de pontos incomuns, que nos ajudam a reconhecer e a admirar nossa singularidade e a do outro.

Como qualquer descoberta, esse não é um processo rápido. Se fosse assim, no primeiro ano de escola, bastaria que se despejasse sobre nós todo o conhecimento existente, ao invés de distribuí-lo ao longo da nossa vida. As coisas precisam de tempo para serem reveladas e devidamente absorvidas. Cada um tem seu ritmo de aprendizado e nem mesmo os mais CDFs em matéria de relacionamentos ainda não conseguiram desenvolver um método eficiente que os torne íntimos de alguém à primeira vista.