Diário do Bem-Estar (Dia 11/100)

quinta-feira, 26 janeiro 2012, 21:09 | Tags: , , , , , , , | Nenhum comentário
Postado por Fábio Betti 

Fiquei longe daqui por alguns dias. Refletindo sobre isso, me vi imerso na loucura de Nova York, anestesiado pela compulsão coletiva por comida e consumo – e sem consciência sobre as situações onde me sinto no bem-estar, sem refletir sobre esses momentos. É curioso, mas quando recorro à memória, as primeiras lembranças que surgem desses dias são registros de situações de mal-estar. Seria um padrão já instalado, a partir do qual faço a leitura do meu viver, quando opero no modo automático? Um operar a partir do mal-estar? É curioso também como essa reflexão teve seu impulso inicial em uma situação aparentemente de profundo mal-estar, mas que, ao me dar conta de meus reais sentimentos, percebo um fluxo mais complexo onde bem-estar e mal-estar se entrelaçam e, em certo sentido, se completam.

Estou falando da notícia do falecimento de meu sogro, recebida na madrugada do dia em que viajaríamos de Nova York para Kingston. A notícia acabaria sendo vivida/sentida simultaneamente como dor pela perda de alguém muito querido e como alívio (alegria?) por ele finalmente ter descansado depois de tanto sofrimento. Essa aparente confusão e choque de sentimentos, só experimentei nesse nível de intensidade e complexidade, que me recorde, mais uma única vez, quando me casei, apenas dois meses após o falecimento de minha mãe. Não sabia se chorava ou se sorria e acabei fazendo os dois. Só que, em nenhum estado – alegria ou tristeza – encontrava paz, apenas a culpa, uma culpa sem saída, posto que sempre havia o peso de um sentimento que existia apenas na presença de seu rival. Como poderia sorrir se a morte de minha mãe era tão recente? Como poderia estar triste se eu me casava com a paixão da minha vida? (23/07/2011)

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