Diário do Bem-Estar (Dia 62/100)

sexta-feira, 02 março 2012, 21:00 | Tags: , , , , , , | Nenhum comentário
Postado por Fábio Betti 

Eu havia lançado a intenção, quando eu comecei esse diário, de só falar de situações, coisas que eu vivi, vivo em meu cotidiano, que têm a ver com conforto, com bem-estar. No entanto, vivo situações totalmente opostas, ou seja, situações de mal-estar, de dor, de sofrimento e, de alguma forma, também não quero ignorá-las. Então, por mais que seja o Diário do Bem-Estar, percebo que, em alguns momentos, vou querer trazer também o outro lado, o outro lado dessa moeda que, as vezes, entendo ou percebo dessa forma, que não é bem o outro lado da moeda, é uma parte dessa moeda que, para atingir o outro lado, preciso passar por ela. É algo no caminho, não é o contrário do caminho, não é uma direção oposta.

Nessa direção do bem-estar, às vezes, aparecem profundas situações de mal-estar, como a que eu vivi hoje com um cliente, para quem eu faço um trabalho voluntário. Era uma reunião onde tinham várias pessoas, algumas representando o cliente, outras pessoas representando o parceiro desse projeto e uma agência que havia sido contratada pelo cliente para apresentar um trabalho. Não gostei do trabalho que foi apresentado pela agência, tinha uma opinião diversa daquela que havia sido colocada. Esperei o momento para trazer minhas reuniões, para poder pontuar aquilo que eu acreditava, pois havia entendido que tinha sido chamado para poder opinar sobre aquilo que seria apresentado. E logo que comecei a falar, uma das representantes do cliente começou a justificar o porquê eu estava errado. Aí eu falava outra coisa e, mais uma vez, era interrompido em meu raciocínio e minha opinião não era considerada. Não me sentir escutado, não sentir que o que eu penso é legítimo me provocou um tremendo mal-estar.

E, no entanto, no mesmo dia, exatamente ao mesmo tempo em que eu vivia essa situação, uma outra situação se desenrolava, que era a conquista, pelo meu filho, do torneio esportivo mais importante do ano, as olimpíadas escolares, onde ele se sagrou como o maior atleta jovem de badminton do Brasil. Olha, foi um estado de êxtase, de euforia, de não me aguentar em mim de alegria, de ficar pensando nele, de ficar imaginando os sentimentos que ele deve ter vivido ao longo dessa jornada – foram 16 partidas disputadas em 3 dias, das quais ele ganhou 15. Ele saiu com o resultado de melhor atleta de simples, o melhor atleta de dupla mista e a medalha de prata em dupla masculina, na única partida que ele perdeu das 16 nesses 3 dias. Realmente, um desempenho assustador de tão brilhante. E observar isso, mesmo que à distância, porque eu estava em São Paulo e ele em João Pessoa, me provocou um profundo bem-estar, uma sensação de espanto frente a um ser que tem vida própria – estranho falar isso, pois como ele não teria vida própria? Mas é um ser que saiu de mim também, uma semente minha. Sensação de continuidade da vida, que a vida não tem fim, que ela continua e que eu me vejo nele e é muito bom se ver em alguém melhor do que você. É muito bom. (12/09/2011)

Comentário

You must be logged in to post a comment.